ELEFANTE BRANCO

O QUE É ELEFANTE BRANCO

É algo grande! E Branco. Até aqui bastante óbvio, mas o que nao sabes é que ele tambem é negro, amarelo e púrpura. Pode ter qualquer cor, diferentes formas, sons, aromas e gostos. Para nao falar da maneira como ele engloba tantos e diferentes pontos de vista sobre o mesmo tema. É impossivel catalogá- lo. O elefante branco sou eu, és tu, e ele também. Por isso sente- te livre para aportar o teu graozinho e disfruta!!!

WHITE ELEPHO

White elephant is BIG! And it is white. Until here is very obvious. But what you need to know is that he is also black, yellow, and purple, he can feature every colour, also different shapes, sounds, aromas and tastes. Not to metion his mind: it ensembles so many different points of view on the same issue that it is impossible to label it. We don´t try to label: We just feel it. Enjoy with us.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Gaveta de Subordinado


Hoje é um dia difícil, andar, falar, sorrir, dói. As tarefas mais costumeiras furam os ossos.

Está frio e os pés ardem. Vim de pé num autocarro sobrelotado, com as mãos agarradas a ferros para evitar o tombo e apesar do corpo parecer dançar, sequer consegui pôr os meus phones e perder-me na música.

Chego ao trabalho e o cenário não melhora. A minha chefe chama-me. É tempo de avaliar a minha prestação profissional. Vai tentar ser simpática no princípio a disfarçar o nervosismo, vai olhar-me nos olhos durante alguns segundos como que a medir forças, desisitirá perante os meus implacáveis nos seus.

À falta de falhas profissionais aponta-me aquilo que entende como problemas de personalidade. Mais do mesmo: a minha falta de reverência, quase arrogância (diz ela), os meus silêncios e tudo o mais que não caiba na sua gaveta de subordinado. Tantas conversas como esta e já cansa.

Os mesmos tiques, os mesmos receios, a mesma tentativa de me fatiar de forma a caber na tal gaveta de que não faço parte. O medo dos objectos fora de ordem e das gavetas abertas a inquietá-la.

Ela, como tantos, confunde confiança com arrogância, ser reservado com ser antipático, ser calmo (quase impertubável), com ser desinteressado, ser autosuficiente com ser individualista, ou pior, ter ambições clandestinas de liderança.

A gaveta do subordinado é estreita e nela não cabe qualquer demostração de inteligência em dose superior à exigida na cartilha, sob pena de ofuscar a chefia. Nela também não cabe qualquer dose de individualismo que isso aflige o chefe ainda inquieto com a sua propria condição de líder.

O bom subordinado deve aparecer o suficiente para que se perceba que está lá, certo e cumpridor, mas não em demasia, para que não se perceba quem é realmente, do que gosta, o que pensa e o que deseja. Deve cultivar o regime terrível da superficialidade e da socialização estéril, onde tudo o que se espreme é nada.

Não sei socializar, faltam-me as palavras nas conversas de circunstância, soa a automático o 3º ou 4º “bom dia”, o sorriso repuxado, o “tá calor, tá frio”, o “almoças cá hoje?”, o “tá tudo bem contigo?”, o “pareces constipado”... e por aí fora, num extenso rol de banalidades com que se vai enchendo a gaveta.

Hoje é um dia difícil e estar na vertical às vezes dói.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Vida Grátis

Texto de: Life Cooler

Tudo o que precisa para uma vida com menos custos
www.vidagratis.pt.la

Acaba de ser lançada uma nova plataforma de agregação e divulgação dos diversos projetos atualmente existentes que permitem adotar um estilo de vida com menos custos, baseado em trocas, partilhas, reutilizações e borlas. Do bookcrossing ao couchsurfing, dos bancos do tempo ao freecycle, da cultura grátis às palestras TED – tudo o que você precisa para um estilo de vida mais barato, eficiente e partilhado.
   

Trocas criativas
O novo site www.vidagratis.pt.la, lançado no início de Janeiro, procura reunir e classificar toda a oferta relacionada com o conceito vida grátis. Embora exista cada vez mais informação sobre estas temáticas, é difícil encontrar uma única fonte organizada e sistematizada, o que dá lugar à dispersão e fragmentação. Muitas informações acabam por se perder ou por ficar subaproveitadas.

Com o objetivo de fazer essa sistematização que faltava, o projeto Vida Grátis nasceu a partir de contactos entre pessoas ligadas a sites de trocas e partilhas como o Freecycle, uma rede mundial de troca de bens e serviços, o Banco do Tempo e o Troco 1 hora.

O lançamento do Vida Grátis (e da Net Solidária) coincidiu com a apresentação do Projeto Believe, um projecto de cariz social protagonizado por Andresa Salgueiro que se propõe viver à troca durante 1 ano, 11 dias, 11 horas e 1 minuto, dispondo apenas de 1111 euros e sobrevivendo através de trocas de serviços.

Enfrentar a crise com respostas criativas, sustentáveis e partilhadas é o denominador comum entre todos estes projetos.





Texto de Céu Coutinho, Lifecooler.pt 
2012-01-11

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Introducing MPC Renaissance

EDUARDO GALEANO

Do velho para o novo

O ano de 2011 passei-o quase sem motivação para ouvir música, pesquisar coisas novas que estivessem a sair, apreciar o que de mais inovador se estava a fazer no infinito espectro sónico que não consegue deixar de se expandir, mas sobretudo no Hip Hop que é o género que mais exerce sobre mim poder de atração. A minha cabeça estava virada para outras coisas que me extraíam toda a energia e atenção. No entanto, nos eventuais rasgos de lucidez em que conseguia me desligar das ocorrências turbulentas, consegui pescar uma coisa ou outra, sendo a que mais me impressionou provavelmente um puto de Yonkers chamado Tyler the Creator. Vou colocar o vídeo dele em baixo, depois dos dois artistas que mencionarei agora: The Roots e Common.
Bwé de alegria ao saber que ambos tinham novos álbuns na calha, pois são artistas que cresci a ouvir, com os quais nunca (por um lapso de tempo talvez com o Common) deixei de me identificar e dos quais espero música da mais alta qualidade senão refrescante e inovadora.
Os The Roots rebentaram a escala e atingiram um patamar ao qual dificilmente elevo alguém, que é um de confiança quase cega, do estilo "posso comprar sem ouvir que não me arrependo", pois ao 11º álbum de originais eles mantêm algo que todo o VERDADEIRO ARTISTA deveria manter: a ousadia de se reinventarem, de explorarem novas sonoridades, sobretudo as que deles menos se esperam sem que, no entanto, já tenham sido exploradas por outros com sucesso. Não vou fazer aqui uma crítica do álbum, vou só meter-vos dois vídeos.




Quanto ao Common, a música continua forte, os instrumentais são do karaliu, ele tem dikas rijas, mas estou agora a ver os 4 ou 5 clips que ele já fez para promover o disco e, sinceramente, a impressão com que fico é que ele não quer aceitar que está a envelhecer, como se de repente, não se pudesse ser fresco e relevante aos 40+, como se tivesse a querer viver tardiamente a sua juventude, tipo aqueles mais-velhos rebarbados que pausam na disco quando já estão perto de se tornarem avós. Foi a sensação com que fiquei, sobretudo depois de me ter apercebido que, de forma algo pueril, foi ele que começou o bife com o Drake, um miúdo petulante que se sente no direito de o ser pela forma como vem sido adulado, mas que um adulto como o Common já tem idade para saber que isso faz parte da atitude dos 20's e deixar o miúdo em paz. Aquele excesso de agressividade nas palavras (que nem sequer no Bitch in yoo usou), a atitude de boxeiro e o videoclip num bairro aparentemente perigoso do Haiti... tudo demasiado juvenil amigo Common, demasiado "adolescência atrasada". Deixo-vos com o clip do Blue Sky que ainda foi a que melhor me caíu.






Agora sim, a novidade do puto revelação. Estranhamente bom:

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Sentinela

A abordagem, previsível e sistemática, invalida desde logo a mensagem, antes do anúncio de mais um reino divino porvir.
São normalmente senhoras de meia idade em dupla, de ar humilde e gentil, com as revistas fininhas na mão. A Sentinela deverá ser a mais emblemática. Nela, anuncia-se o reino de Jeová.
Quando as avisto ao longe, não tenho dúvidas de que vou ser contemplada com a abordagem, e uma revolta pequenina a crescer dentro de mim.
Suponho que neste ‘emprego’ como em outros haja formação e nela sejam definidos os públicos- alvo, desde logo gente humilde, com problemas económicos, sociais, familiares.
Como essas características não vêm escritas na testa há que ler nas entrelinhas.
Uma mãe de família de ar cansado, olheiras profundas e uma sacola magra em mãos poderá necessitar de amparo espiritual urgente, talvez um marido violento, um filho que trocou a caneta pela seringa, ou apenas a vida insistindo em esquecê-la.
Uma jovem mulher de ar conservador, passos lentos e olhar triste também pode indiciar a necessidade de mão condutora que lhe aponte o caminho a seguir e lhe dê, quiçá, novo sentido à existência.
No caso de um negro porém,  o esforço exigido é menor. Pode ser homem ou mulher, novo ou velho, desde que tenha o ar pacífico que separa os negros aceitávies dos marginais .
 Aí não são necessárias as olheiras, a sacola ou o passo lento e olhar triste. A cor da pela garante a necessidade de amparo.
São estes os mensageiros da palavra divina, gente que naturalmente abomina o preconceito, não é racista e até tem amigos negros que, pasme-se,  ‘até são boas pessoas'.
Gente que olha para a cor da pele com os preconceitos mais primários, vendo os negros como intelectualmente menos preparados, vivendo inevitavelmente as agruras da miséria e do crime que prolifera nos bairros sociais de onde evidentemente provêm.
Negros que precisam por isso de uma mão condutora, de quem pense por eles e para eles, pois que lhes é reconhecida uma fragilidade social e intelectual inerente à cor da pele que ostentam.
Por isso, sempre que as avisto ao longe uma revolta pequenina cresce em mim e visto uma máscara dura e indiferente. Ainda assim não escapo:
- Menina, tem um minutinho...

ricos e pobres

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Ilitha Lelanga Marimba Ensemble - Fading Memories

Uma prima da minha namorada acabada de chegar de Capetown entrou no boter e disse "mete só este CD que ainda não consegui ouvir", mesmo quando eu estava a matar saudades do meu álbum do Masta Ace INC. - Sittin' On Chrome. A capa era fajuta mas o disco reunia critérios que o tornam um imperativo para os meus ouvidos, obrigando-me a interromper voluntariamente a minha sessão "trip down memory lane":

- o ser música africana independente (que significa "nada de apoios corporativos") comprada diretamente da mão do artista, numa das suas performances de rua. Só este critério seria suficiente para parar a minha escuta, pois não fazê-lo acarretaria consequências óbvias como a redução a praticamente zero da probabilidade de voltar algum dia a cruzar-me com este grupo/disco, passando ao lado de uma magnífica oportunidade de enriquecer o colorido da minha palette acústica.

- o facto de o instrumento central ser de percussão africana, sendo uma espécie de "orquestra da marimba", só por si algo extremamente curioso e intrigante.

- a música sul-africana ser de uma riqueza avassaladora apesar de ainda muito pouco explorada (tendo em conta a sua qualidade).

- a excitação no tom de voz da prima da mboa que os tinha visto ao vivo no Waterfront comprando o disco de impulso.

- Capetown ter se tornado a minha cidade preferida no mundo depois de visitá-la a primeira vez o ano passado.

Trouxe o CD para casa para o rippar e voltei a colocar o meu Masta Ace. Há tempo para tudo e nenhum para arrependimentos, sobretudo quando a música é excelente, à excepção de um outro tema que achei menos intensos e que deixaram a desejar (aliás aquele soprano logo na faixa de abertura é um susto!). Ainda assim, para contrariar a tendência daqueles que acabam por ser (na minha ótica) erros de palmatória recorrentes e ingénuos de grupos africanos, quando tentam universalizar a sua sonoridade fazendo versões-pipoca de músicas de fama mundial, aqui, a versão do grandioso Summertime do George Gerswhin (e imortalizado pelas milhentas versões desde Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, George Benson e a lista continua) está simplesmente sublime.

Curtam o som único destes 4 manos do Gugulethu e bom ano de 2012 a todos.

01. Seasons Of Change

02. African Sounds

03. Zoleka

04. Zane'mvula

05. Halleluyah

06. Sthandwa

07. Reggae Music

08. Mashaba

09. Zamdela

10. Mayivuye I-Afrika     

11. Marimba-Mania     

12. Summertime

13. Abasazi


Catem o mambo aqui

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Politiquices

Não sou de esquerda, não sou de direita, nem desse género híbrido a que chamam ‘centrão’.
Não gosto de política, por tudo o que de obscuro a acompanha, mas não vivo no alheamento.
Conheço os partidos, oiço as propostas, tenho um apurado sentido crítico que me impede a indiferença e interesso-me sobretudo pelos homens e mulheres que compõem essa massa cinzenta. 
Gosto de saber de que farinha são feitos, sobre que alicerces assenta o seu carácter e quanto de mundo carregam às costas.
[É sobretudo esta equação que me inquieta. O quanto de mundo possuem!]
Entendo que um bom político como qualquer bom profissional, tem de ser antes de tudo um “Bom Homem” .
E um Homem que viva no meio de outros homens, que lhes conheça o cheiro, o toque da pele e as diferentes vozes.
Alguém que nos represente terá de ser por natureza alguém que nos conheça, terá de ser um de nós.
E depois, eleito que é, terá de ter algo mais do que o Homem comum, algo que o distinga e nos faça querer ouvi-lo e segui-lo.
E não basta a retórica e os discursos inflamados, que a palavra quando isenta de acção se dilui e se esvazia.
Esse algo mais provêm normalmente do mundo que carrega às costas, um mundo que se obtém pelas mais variadas formas, pelos livros lidos,  pelas viagens feitas, mas sobretudo pelo  contacto com as pessoas mais diversas e suas realidades.
E esse contacto de que falo não é o das feiras, o dos banhos de multidão das campanhas ou o das visitas em comitiva a lares de idosos ou de crianças carenciadas.
É um contacto continuado, de uma infância em que se rasgou os joelhos com crianças de todas as proveniências, de uma juventude onde se abraçou  causas pelos outros e com os outros, e de uma vida a romper as fronteiras do nosso mundinho particular e a olhar para o lado sem a sombra da soberba ou da condescendência.
Apresentem-me um Homem assim, intelectulmente capaz , com um mundo maior do que o seu às costas e com a força de carácter suficiente para manter-se Homem apesar de Político e tem-me com ele.
Tem-nos com ele, suspeito....

Tchoras Mc -- Kaminho é pa Adianti (OFFICIAL VIDEO) HD Prod.TchorasICB