Não sou de esquerda, não sou de direita, nem desse género híbrido a que chamam ‘centrão’.
Não gosto de política, por tudo o que de obscuro a acompanha, mas não vivo no alheamento.
Conheço os partidos, oiço as propostas, tenho um apurado sentido crítico que me impede a indiferença e interesso-me sobretudo pelos homens e mulheres que compõem essa massa cinzenta.
Gosto de saber de que farinha são feitos, sobre que alicerces assenta o seu carácter e quanto de mundo carregam às costas.
[É sobretudo esta equação que me inquieta. O quanto de mundo possuem!]
Entendo que um bom político como qualquer bom profissional, tem de ser antes de tudo um “Bom Homem” .
E um Homem que viva no meio de outros homens, que lhes conheça o cheiro, o toque da pele e as diferentes vozes.
Alguém que nos represente terá de ser por natureza alguém que nos conheça, terá de ser um de nós.
E depois, eleito que é, terá de ter algo mais do que o Homem comum, algo que o distinga e nos faça querer ouvi-lo e segui-lo.
E não basta a retórica e os discursos inflamados, que a palavra quando isenta de acção se dilui e se esvazia.
Esse algo mais provêm normalmente do mundo que carrega às costas, um mundo que se obtém pelas mais variadas formas, pelos livros lidos, pelas viagens feitas, mas sobretudo pelo contacto com as pessoas mais diversas e suas realidades.
E esse contacto de que falo não é o das feiras, o dos banhos de multidão das campanhas ou o das visitas em comitiva a lares de idosos ou de crianças carenciadas.
É um contacto continuado, de uma infância em que se rasgou os joelhos com crianças de todas as proveniências, de uma juventude onde se abraçou causas pelos outros e com os outros, e de uma vida a romper as fronteiras do nosso mundinho particular e a olhar para o lado sem a sombra da soberba ou da condescendência.
Apresentem-me um Homem assim, intelectulmente capaz , com um mundo maior do que o seu às costas e com a força de carácter suficiente para manter-se Homem apesar de Político e tem-me com ele.
Tem-nos com ele, suspeito....
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